Topo

Apoiado por PT e PSDB, Cauê Macris derrota Janaina e vence eleição na Alesp

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

15/03/2019 17h06Atualizada em 15/03/2019 21h05

Resumo da notícia

  • Reeleição de Cauê Macris à presidência da Alesp contou com aliança entre PT e PSDB
  • Apoiado por Doria, Macris superou Janaína Paschoal (PSL), Monica Seixas (PSOL) e Daniel José (Novo)
  • Sessão começou com puxão de microfone, bate-boca e questionamento da candidatura
  • 94 deputados estaduais também foram empossados na sessão

Com direito a uma aliança entre PT e PSDB, o deputado estadual Cauê Macris (PSDB) foi reeleito hoje para a Presidência da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), em uma sessão que começou com ânimos quentes no plenário. Ele contou com 70 votos, enquanto Janaína Paschoal (PSL) teve 16. Monica Seixas (PSOL) e Daniel José (Novo) não obtiveram números expressivos, com quatro votos cada um.

"Como presidente eleito, afirmo que a disputa eleitoral termina aqui nesse momento. Fui eleito para ser o presidente dos 94 deputados dessa Casa", disse Macris, após a vitória.

Como parte do acordo PT-PSDB, Ênio Tatto (PT) foi eleito primeiro-secretário da Alesp, o segundo cargo em importância na Mesa Diretora da Casa. Isso foi mais uma derrota para o PSL e Janaína Paschoal, que em seu voto reclamou que a bancada evangélica tinha opção, mas decidiu votar com o PT. "Não se esqueçam dos nomes", afirmou.

Com Milton Leite Filho (DEM) escolhido como segundo-secretário, o PSL ficou sem nenhum cargo na Mesa Diretora da Alesp mesmo tendo a maior bancada, em uma demonstração da atual dificuldade de articulação política da legenda no Legislativo paulista --e de que a estratégia de outros partidos de isolar o PSL funcionou.

Em seus votos, deputados do PSL e do PT fizeram ataques aos adversários. Entre os petistas, Emídio de Souza disse que votou em Macris "contra a imbecilidade nojenta"; Ênio Tatto declarou ser contra o "ódio nojento" para apoiar o tucano; e José Americo Dias afirmou ser "contra o fascismo" e abraçou Macris após o voto.

Pelo PSL, Gil Diniz votou em Janaína e criticou a "união indecente do PT com o PSDB". A própria Janaína foi mais incisiva. "Só um candidato que tem medo de ser enxotado tem medo de debater. Não tem preço ver o PT brigando pelo PSDB", disse.

Prevendo a vitória tranquila, Macris não pareceu incomodado com as críticas. Ao longo da votação, o presidente da Alesp recebeu com abraços deputados de todos os partidos que votaram nele.

Ao longo do mandato de quatro anos, cada deputado estadual receberá um salário de R$ 25,3 mil mensais. Eles também têm direito a R$ 33,2 mil de verba de gabinete e R$ 160,4 mil para contratar assessores.

Candidatura questionada

A temperatura começou a subir quando a bancada do PSL, ainda no começo da sessão, entrou com questão de ordem sobre a candidatura do atual presidente da Casa, Cauê Macris (PSDB), à reeleição.

Para os deputados do PSL, partido que lançou Janaína Paschoal à presidência da Alesp, Macris não poderia disputar um novo mandato consecutivo, o que seria proibido pelo regimento da Casa. Aliados do tucano alegaram que, como se trata de uma nova legislatura, não seria este o caso.

A deputada Analice Fernandes (PSDB), que presidia a votação, chegou a afirmar que a questão já estava superada inclusive na Justiça. Mas Janaína não se deu por vencida e declarou que, na verdade, a Justiça determinou que a própria Alesp deliberasse sobre a questão.

Analice insistiu para que a votação começasse, e aí a confusão ganhou corpo. Eles recorreram, mas a decisão foi mantida pela mesa. Após a vitória de Macris, o tema voltou a ser discutido e a sessão teve de ser temporariamente suspensa.

Puxão de microfone

A presidente da Mesa iniciou a chamada dos deputados para o voto aberto. No momento em que a segunda deputada, Adriana Borgo (PROS), iria anunciar seu voto, o deputado Arthur Mamãe Falei (DEM) tomou o microfone do pedestal.

Deputados aglomeraram-se em volta do microfone. Em meio a gritaria, dedos na cara e empurrões, a deputada Beth Sahão (PT) conseguiu pegar o microfone de volta. Pouco depois, a votação continuou.

A questão de ordem continua pendente de análise. O deputado Gil Diniz (PSL), o Carteiro Reaça, também busca barrar a candidatura de Macris na Justiça.

O desembargador Antonio Celso Aguilar Cortez, do Órgão Especial do TJ-SP, rejeitou pedido liminar de Diniz ontem, e o deputado entrou com um recurso no começo da tarde.