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TV: Flávio Bolsonaro recebeu R$ 96 mil em 48 depósitos em espécie em um mês

6.set.2018 - Flavio Bolsonaro - Fabio Teixiera/AFP
6.set.2018 - Flavio Bolsonaro Imagem: Fabio Teixiera/AFP

Do UOL, em São Paulo

18/01/2019 21h53Atualizada em 19/01/2019 08h47

O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) recebeu 48 depósitos de R$ 2.000 cada um entre junho e julho de 2017, totalizando R$ 96.000, segundo relatório elaborado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) a pedido do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro). A informação foi divulgada na noite desta sexta-feira (18) pela TV Globo. 

A emissora disse que, procurado, Flávio Bolsonaro não se manifestou sobre a notícia.

O Coaf é o mesmo órgão que identificou R$ 1,2 milhão em movimentações atípicas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), entre 2016 e 2017.

Segundo o relatório revelado pela TV Globo, os depósitos na conta de Flávio foram feitos todos em uma mesma agência bancária na própria Alerj, ao longo de cinco dias. Os depósitos -- cuja autoria não foi identificada pelo Coaf -- sempre eram feitos em intervalos de minutos.

O Coaf detectou os depósitos por terem sido feitos de forma fracionada, o que levantou a suspeita de que se tentava esconder a origem do dinheiro.

De acordo com a reportagem do Jornal Nacional, o relatório foi pedido pelo MP-RJ a partir das investigações sobre movimentações financeiras atípicas de servidores da Alerj. O MP pediu a ampliação do levantamento com a suspeita de que servidores repassavam para políticos parte de seus salários.

Foro privilegiado

Os procuradores teriam pedido o relatório ao Coaf no dia 14 de dezembro, e recebido o documento no dia 17. Um dia depois, Flávio Bolsonaro foi diplomado senador. Ou seja: no momento do recebimento do relatório, o político ainda não tinha direito ao foro privilegiado -- no caso, o direito de ser julgado no STF (Supremo Tribunal Federal).

Ontem, Flávio conseguiu no STF a suspensão da investigação sobre as movimentações financeiras de Fabrício Queiroz. O senador eleito alega que houve quebra ilegal de seu sigilo bancário na troca de informações entre o MP-RJ e o Coaf, e pede a anulação das provas. Ele também pede para ser julgado no Supremo. O ministro Luiz Fux interrompeu o trâmite sob a alegação de que os pedidos do senador eleito devem ser analisados pelo relator do caso, ministro Marco Aurélio Mello.

Em nota divulgada hoje, o MP-RJ negou que tenha havido quebra de sigilo bancário na investigação sobre Queiroz e que Flávio Bolsonaro seja investigado. Segundo o órgão, apesar de o relatório do Coaf informar "movimentações atípicas tanto de agentes políticos como de servidores públicos da Alerj", não houve -- "por cautela" -- a inclusão de nomes de políticos "supostamente envolvidos em atividades ilícitas" nas investigações.

"A dinâmica das investigações e a análise das provas colhidas podem acrescentar, a qualquer momento, agentes políticos como formalmente investigados. Esta forma de atuar indica o cuidado que o MP-RJ tem na condução das investigações, com o fim de evitar indevido desgaste da imagem das autoridades envolvidas", diz a nota.

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